c Trambolhão: novembro 2005

domingo, novembro 27, 2005

C de Campeão

Letra C. De Consumo, Compras, Controlo ou Descontrolo, Centros Comerciais, Campeão de Vendas, Cacau (expressão vulgar para dinheiro), Christmas, Cow (do presépio), Cânticos de Natal, tudo sinónimos relativos a uma época. E qual será ela? Penso que já adivinharam, é o nosso querido Natal. Inclui expressões tão famosas quanto "Estou à espera que venha um Perú tocar à minha porta" e " Gosto tanto de ti que este ano levas mais um par de meias da loja dos 300" e "Felizmente que os putos já não acreditam no Pai Natal senão teria de me mascarar de novo e enfiar a barba de algodão postiço", ou "Vamos lá visitar a tia barbuda que dá beijinhos que picam"....
Para mim a parte mais deliciosa desta altura do ano é exactamente o período anterior, ou seja, o mês de Dezembro até ao dia 24. Perder tempo a vaguear em ruas iluminadas com lâmpadas coloridas e vibrantes, cheias de pessoasinhas a correr dum lado para o outro com ares muito responsáveis e atarefados, carregadas de sacos que se amarrotam e fazem barulho, com gorros e luvas a fingir que está muito frio e que temos um Natal com muita neve, como em Nova York. Sim, porque Natal tem de estar associado ao frio, jamais me apanharão no rio de Janeiro em plena prainha de bikini e caipirinha...Só se me oferecerem a viagem e insistirem um bocadinho:)
Por outro lado, penso que isto se trata tudo duma grande teoria da conspiração do Marketing. Eles preparam a nossa cabecinha, enchem-nos de lenga-lengas fáceis, do género "Brinquedos, brinquedos, eles são a nossa maior alegria", disparam cassetes contadinhas aos milímetros para quando entrarmos nas lojas, ser só despejar o conteúdo...Escolher, experimentar, hesitar, pedir opinião, comprar. Mas nunca, ou quase nunca sair do centro comercial sem uma prenda, um projecto de prenda ou um casaco preto extra suplente.
De facto, nem sei mais qual é o verdadeiro objectivo do Natal. Celebrar o nascimento de Cristo? Mas será que realmente alguém pensa nisso enquanto devora o Perú, as rabanadas e o bacalhau? Eu penso mais que de facto é bom ter uma família e não estar sozinha...

quinta-feira, novembro 24, 2005

Alice no País das Maravilhas ou Inês no centro de Emprego


Foi um bocado traumatizante, não foi? O sujeito X olha para mim com cara de sufoco, eu encolho os ombros, porque ainda não absorvi as minhas conclusões. Ir ao centro de emprego poderá realmente ser considerado uma experiência traumatizante?

Acordo as 9:00 e só resta meia hora para o julgamento final. Venho a zarpar no carro para Pedralvas, sei lá onde isso fica. Chego, estaciono e retiro senha. Toca a marchar, entrem nas filas, sentem-se e bico calado. Quando vos chamarmos, sintam-se no Céu.
Reunião de desempregados anónimos, moderada pelo Sr. Humpty Dumpty, conhecido pela sua cara de ovo amarelada e pela Sra. Técnica de Emprego, Caixa de Óculos. 4 mulheres e três homens pensam em escapar pela janela, mas estão enfiados numa caixa escura no centro de Emprego de Pedralvas. Resta-nos dar as mãos e rezar. Primeira vítima. Por favor conte-nos a sua formação e experiência profissional até à data mais recente, incluindo o motivo porque ficou desempregado. Madalena (nome fictício, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência) sobe ao palco. Nortenha de gema mas casada com um moiro segundo o qual "só porque tem costela nortenha, senão nem visto", mãe de dois filhos pequeninos e de dois enteados, ignora todo e qualquer tipo de timidez e insegurança lisboeta, arregaça mangas e dispara conteúdos verbalizantes, com um sorriso e simpatia que não deixam de ser contagiantes. De anotar que está presente em 3 ou 4 processos de selecção e que já exerceu cargos de direcção. As empresas "head hunter" estão à sua caça, mas Madalena é mais esperta e qual gata sabichona, sabe jogar o seu jogo e desafia as suas incompetentes funcionárias com tentativas de contacto antecipatórias, que frustam os trabalhos das estagiárias de recursos humanos. Aplausos no fim, esta é uma desempregada nota dez, que se esforça, mexe os cordelinhos e espera em Janeiro já estar empregada. Porque em Dezembro quer ir passar uma temporada ao Minho com os filhos, bolas, afinal de contas é o primeiro ano em que tem direito a isso, vamos lá experimentar ser mãe a tempo inteiro, até deve ser engraçado ver o Dragon Ball a meio da tarde e comer estrelitas com leite de chocolate.
O Sr. Rogério já não tem tanta sorte. A ele nunca lhe cai o Euromilhões no bolso, é ele que tem de ir à montanha. Mas este senhor já tem 55 anos e custa-lhe a subir picos que necessitam de garrafas de oxigénio bem mais cheias do que as suas. Situação oficial: Desempregado há oito anos e há três sem receber subsídio de desemprego. Como consegue viver é o mistério que vamos tentar descobrir até ao final do encontro. Não chora, está seco, não grita nem desespera, conta a sua história como se tivesse a relatar o jogo do Benfica de ontem, sendo ele do Porto. Já no final percebemos que teve direito a um ano a trabalhar numa livraria, mas despediu-se porque ia ser contratado para outra empresa bem melhor. Segundo ele, "no final esta acabou por roer a corda", e num estalar de dedos, perdeu tudo. Já diz o provérbio, mais vale agarrar um pássaro do que ter dois a voar....
O sr. Ovo escreve devagarinho na máquina, anotações sobre a cor de cabelo, peso, característica peculiar, fato e cor das meias. No caso do Sr. Rogério está a fazer contas. Vamos enviá-lo para o Iraque no meio das tropas ou apagar sem querer o seu registo do centro de Emprego? Uhm, amanhã penso nisso, agora prefiro jogar ao Sodoku enquanto eles se lamentam. Ah, mas falta a pergunta essencial, ou seja, o verdadeiro objectivo desta reunião. Se os seus intervenientes não querem montar um negócio próprio, investir dinheiro e criar uma empresa. Mas a mesa redonda não se pronuncia, ninguém é sobrinho em terceiro grau do tio Belmiro, não há experiência suficiente, nem vontade de arriscar o couro.
Eu tento ver-me livre desta lavagem cerebral, mas é fácil, porque felizmente não tenho tendências suicidas de criar um jornal, uma empresa de comunicação, ou seja lá o que for. Talvez um Lidl, tenho de pensar nisso. A Sra. Caixa de Óculos rói as unhas e abana a cabeça com ar condescendente. Também deve estar a recordar as almondegas de ontem e as horas que faltam até ao final do seu dia para ir ter com o seu amor.
Desço à terra. Fala o Miguel. É da área de Marketing, podia tentar carreira como sorriso Pepsodent, mas o que quer mesmo é fugir lá para fora. O problema é que o Sr. Ovo e a Sra. Caixa de Óculos não lhe sabem explicar como é que funciona o programa Euros, mas prometem que vão anotar na máquina os países onde ele gostava de ser Marketeer.
Rubina toma posse do micro. Ri-se, sim é verdade, há muitas Rubinas na Madeira, jardins de infância é que nem por isso. Quer tomar conta dos vossos filhos, desde que estes sejam tranquilos. O jardim em Carnaxide fechou, não havia dinheiro, já nem pagavam ordenados a ninguém.
A Fátima vem a seguir e espera alcançar emprego na Indústria Farmacêutica ou talvez na área de Engenharia Alimentar, qualquer coisa dá, mas primeiro estão os lucrativos remédios.
O Victor é o último, porque se chama Victor, e está em contabilidade. Para ele o problema resolve-se facilmente, se tiver mais de seis meses à espera, vai para a Marinha ou para a Tropa, porque como referiu "uma pessoa tem de comer". Tem ido a muitas entrevistas, mas nas suas palavras "a maioria são fictícias, é só para brincarem um bocadinho", ou seja, aconselhamo-o uma visitinha às instalações da contabilidade do Júlio de Matos. Ouvi dizer que andam à procura dum contabilista novinho.
No final, o Sr. Ovo cria expectativas e diz que vai haver uma sessão de técnicas de procura de emprego. Daqui a uns dias, vamos aprender a escrever um currículo e mandar cartinhas de amor, de amizade e de apresentação? Será que sim?

domingo, novembro 20, 2005

Pinguins sabedores


Os pinguins são demasiado humanos. Fui ver a "Marcha do Imperador" e gostei. Aquela marcha é subtilmente parecida à caminhada humana. Umas vezes incrivelmente sofredora, outras suavemente doce e ainda há quem diga, demasiado constante. Um passo atrás do outro, o som que emitimos, um caminho que não se confunde nunca, uma trajectória quase invisível aos nossos sentidos, mas que está lá disfarçadamente traçada. Sabemos que o sentido é sempre em frente. Aliás quando tiverem dúvidas sobre o que hão-de fazer no futuro, não hesitem, sempre em frente, para a porta, rua, café, auto-estrada, até chegarem ao oceano. Ponto de paragem inevitável, onde os pinguins encontram a sua fonte de sobrevivência e nós a nossa sobrevivência espiritual.
Durante todo o filme senti uma vontade incontrolável de me embrulhar debaixo daqueles cobertores brancos e macios que envolvem as suas barrigas, tal como as suas crias fazem.
Isto despertou em mim a necessidade do toque, do aconchego, do abraço, da mão na minha mão. Que sinto sem querer nos dedos da minha cabeleireira a massajar-me a nuca, na mão invísivel que me aperta as moedas nas portagens, na missa quando beijo estranhos sem identidade, cada vez que ando no metro ou sou violentamente sacudida num concerto.
O tacto é realmente importante, para nos sentirmos vivos e sentirmos que o outro existe. Mas tornámo-nos ignorantes e distantes. Indiferentes, acalmamos necessidades vitais com olhares doces, mensagens via telemóvel encurtadas por caracteres mínimos, palmadinhas nas costas, brindes efusivos de copos. Quando às vezes um abraço forte basta, que quebre a nossa respiração. Tal como os pinguins fazem, quando se unem contra as tempestades de frio e se aconchegam num escudo negro para ficarem mais quentes. Mas o que é estranho é que a nós nos é permitido tocar cada vez menos. Afinal somos todos da mesma espécie, mas de famílias diferentes. A única coisa a fazer é realmente enchermo-nos com mais roupa e mais casacos.
Já nem o calor nos ajuda, porque permitem-me discordar, somos portugueses latinos e afectuosos, mas tudo feito à distância. De cliques de telemóvel, de toques polifónicos, de fotos instantâneas de telemóveis, de blogs como este, de ...

quinta-feira, novembro 17, 2005

PUZZLE

Yo minha gente, tá-se bem? Por aqui no bairro da Cova da Moura passamos o dia todo a ver os telejornais sobre novidades de Paris. Os nossos "bro" estão em fúria, é a cena do poder que lhes subiu à cabeça, é a revolta dos muitos dias passados de cabeça baixa. Tá-se bem, vou agora ali ter com o gang, vamos até ao colombo ver um mooviesito... O Bruno é cabo-verdiano, tem 21 anos e ainda não concluiu o 12º ano.

Em directo de plena Avenida de Roma, Matilde planeia as próximas férias na neve com os amigos da faculdade. O telemóvel não pára de tocar. São os amigos excitadissímos que querem combinar todos os detalhes da viagem, porque senão as vagas esgotam-se num abrir e fechar de olhos. Matilde sorri, encantada com as montras coloridas com as peças da nova estação e questiona-se sobre se o top branco ficará bem naquelas calças de ganga giríssimas para levar à festa de Gala da Kapital. Matilde tem 2o anos e está no curso de Medicina.

E sai mais uma labareda de fogo. João sorri, está confiante no "ossos do ofício". Trabalha como artista de rua há dois anos, ou seja, tempo suficiente para conhecer as artimanhas do fogo, das maçanetas, dos espectadores inertes às suas preces por mais uma moeda que faça encher a boina vermelha. A sua casa fica situada junto às escadas da boca do metro da Baixa Chiado, que partilha em conjunto com mais três amigos e um cão preto malhado velhote, o Tochas. O João tem 22 anos e saiu de casa, dava-se mal com o padrasto e não aguentava as discussões histéricas com a mãe para arranjar um emprego decente.

Marisa vive em Trás-os-Montes.Engravidou quando tinha 15 anos e agora a sua filha já tem 4 anos. Uma criança a cuidar de outra, é como se costuma dizer. Uma mãe tão nova, foi o que se comentou na aldeia. Entretanto, Marisa ajuda os pais na horta e com as ovelhas. Deixou de ir à escola porque fica muito longe e tem de tomar conta da filha. O pai desapareceu, era um homem mais velho, conhecido da família, mas que não vivia na aldeia. Marisa tem 19 anos.

São quatro peças do mesmo puzzle. Será que se encaixam?

segunda-feira, novembro 14, 2005

Sobre tudo e sobre nada

No outro dia fui ver um filme muito bom. "O Fiel Jardineiro", já ouviram falar? Pois é, o realizador da Cidade de Deus, conseguiu recriar uma outra cidade, não sei se de Deus, mas desta vez em África.
O modo como ele recria os sítios, as pessoas, as culturas, é simplesmente fabuloso. As cores são constantes no filme, são berrantes, múltiplas, definidas e vivas. As pessoas são e estão no filme, como se estivessem dentro dum quadro de Gauguin e são definitivamente o elemento essencial do filme. O argumento fala sobre a utilização abusiva e criminosa de medicamentos que estão a ser testados pelos laboratórios ocidentais nos africanos, de forma a prevenir uma eventual pandemia de tuberculose super-hiper resistente e mortífera. Mas aqui coloca-se o problema, as pessoas não são avisadas de que estão a ser cobaias destes tratamentos. Ao longo do filme vamos percebendo os múltiplos interesses que estão por detrás. Porque o fiel jardineiro não só zela pela segurança das suas plantas, mas é sobretudo fiel ao amor perdido da sua mulher.
Saímos do filme com uma dúvida: Quanto vale uma vida em África? Um milésimo duma vida no Ocidente? Porque realmente quando reparamos na comunicação social, um desastre dum terramoto no Paquistão acaba quase por ter a mesma dimensão que um autocarro que cai numa valeta e mata 30 ou 40 portugueses, ou é igualado a uma explosão no metro de Londres. Será que a importância que damos a cada vida depende do limite geográfico em que esta está inserida? Quanto mais longe menos importa, quanto mais perto, mais a nossa consciência é atingida?
Leiam o que diz este texto. "Na África, as possíveis regulamentações médicas e farmacêuticas datam da época colonial e parecem obsoletas e inadequadas. Os riscos de falta de ética são ainda maiores porque os laboratórios fazem cada vez mais seus testes no continente negro. Na verdade, ali, seu custo é até cinco vezes menor do que nos países desenvolvidos. Além disso, as condições epidemiológicas na África revelam-se constantemente mais propícias à realização de testes: frequência elevada de doenças, sobretudo infecciosas, e existência de sintomas não atenuados por tratamentos reiterados e intensivos. Enfim, o caráter dócil dos pacientes, em grande miséria, dada à pobreza das estruturas sanitárias locais, facilita as operações." Visitem o link "http://www.redenortebrasil.org.br/nov_eventos.asp?Cod=46". Retirem as vossas conclusões.

sexta-feira, novembro 11, 2005

A rotina do dia-a-dia


Hoje vinha no autocarro e apercebi-me que vinham dois velhotes a resmungar. Um deles repetia constantemente que a juventude já não tinha respeito nenhum e que nem sabia o que era o respeito. E qual a razão para tal atitude? Justamente porque vinha uma senhora a dizer que não tinham dado lugar a uma grávida. Mas tudo murmurado entredentes, como um cão raivoso a morder um osso escanzelado. Realmente o que se passa nos transportes públicos mais parece ser um diálogo entre ninguém , ou seja, um diálogo para o ar, para as paredes, mas nunca para o OUTRO, para o reconhecimento de que o indivíduo em referência existe. E isto eu considero uma falta de educação. Porque na escola sempre me ensinaram que existe um EMISSOR, um RECEPTOR e uma MENSAGEM.. Aliás, sugiro que colem afixados cartazes nos transportes públicos estes diagramas, para ver se algumas personagens mais petulantes as compreendem. Por este altura devem estar vocês interrogados sobre se seria eu a bendita personagem, mas não, era mera espectadora ensonada pelas oito horas de sono, embrulhadas em mil e um cobertores.
Na mesma viagem, oh sim, que viagem atribulada, vinha o respectivo senhor do respeito, por sinal um senhor muito falador. Porque há pessoas que às nove da manhã parecem uns papagaios falantes, dá-se-lhes um bocadinho de trela e não páram nunca. Só até à próxima estação. E retomando, este senhor passou o resto da viagem a falar de consultas e de médicos. Porque outra velhinha dizia que tinha ido ao médico fazer uma radiografia do braço e que lhe fizeram no sítio errado. Se calhar foi à perna e agora tem de fazer uma operação para cortar o braço que está muito grande. Entretanto, eu imaginei-me velhinha, com 80 anos, e desmaiei de susto. Entre um acordar sem a dentadura, às quatro mil e trezentas viagens mensais de autocarro, até as mil e duzentas consultas a médicos, desvaneci. Pode ser que quando tiver 80 anos esteja tudo modernizado e haja tipo consultas médicas via internet e carrinhas motoristas que nos levem aos hospitais e comprimidosinhos verdes que nos deixem felizes e sorridentes...
Vamos sonhar mais um bocadinho?

domingo, novembro 06, 2005

Trambolhões de amor

Ontem vi num filme sobre bruxas (outra vez as bruxas que não me largam), uma definição de amor muito engraçada, dum adulto para uma criança. Mas duma forma tão natural e genuína que simplifica tudo.
- "Sabes quando giras à volta demasiado rápido?"
- "Sim..."
- "O amor provoca uma sensação assim parecida, mas se não tivermos cuidado e não fixarmos o nosso olhar numa coisa estática, podemos ficar tontos, cair e desiquilibrarmo-nos".
Sim, quem é que ainda não tropeçou, rebolou, e partiu os ossinhos todos por amor? Acuse-se o primeiro, que eu não conheço ninguém...

sexta-feira, novembro 04, 2005

Quando os desígnios da tua alma,
se tornam apetecedoramente vorazes,
deixam de ter sentido no que querem
só desejam, pura e simplesmente, o outro...
o outro torna-se possessão, híbrida e frágil,
silencioso ou mudo,
constante ou pérfido,
distante ou ausente,
fica alheado nos teus braços,
a olhar para o redor,
a sentir o presente,
a respirar a essência,
do teu perfume,
da tua face,
da tua transparência lívida...

Se...

Se os teus olhos fossem da cor dos meus,
Se a tua boca tivesse o mesmo paladar que o meu,
Se quando chove a água não batesse nos teus ombros,
Se tu sentisses o mesmo que eu,
Se o teu cabelo inspirasse o meu perfume,
Se as ondas do mar fossem iguais aos teus caracóis,
Seria um mundo perfeito!

Insónias ou não, eis a questão

Insónias para que vos quero...Pode ser um suspiro "insónias para que vos quero...", poderá ser uma interrogação "insónias para que vos quero?", ou um inconfortável lamento.

Quem tem insónias sabe do que falo. Realmente penso que deveriam existir bares ou clubes só para insomníacos. Era engraçado ver uma data de gente cheia de olheiras a olhar para o vazio, com uma espécie de cansaço disfarçado. As bebidas seriam do género, copinhos de leite morno, chazinhos de camomila e tília, coisinhas assim, tipo mezinhas das avós. Em relação às actividades poderiam ser como jogos para contar carneirinhos (do género quem conseguia contar mais tempo), ou então mesmo fornecer umas caminhas onde as pessoas se pudessem deitar e ver quem é que adormecia mais rápido.
A música seria sem dúvida relaxante e propícia a noites lânguidas de conversas animadas sobre o máximo de número de horas que se consegue dormir numa semana.

Eu com esta história das insónias já ouvi demais comentários justificativos, desde porque o meu quarto poderá estar sob a influência de energias negativas, (e por isso deveria consultar um guia de feng-shui), até ao facto de que tenho complexos de culpa pelo facto de estar desempregada:)

Jesus me perdoe, mas os complexos de culpa realmente só habitam as alminhas caridosas como eu...Já viram se um condenado por homícidio triplo voluntário em quarto grau resolvesse ter complexos de culpa pelas alminhas que enviou pró inferno??? Pobre coitado, passaria noites em branco até ao fim da vida.

A única conclusão que posso retirar é que não há muito a fazer, aprender a ter paciência, sim, isto é realmente verdade, aprendi a ser cada vez mais paciente. E sobretudo não nos enervarmos muito, porque mais dia menos dia, o sono aparece completo e repousante. E assim termino, desejando a todos os meus leitores uma bela e tranquila noite de sono.

terça-feira, novembro 01, 2005

E é verdade, ontem o cenário foi muito soft. Mas agradável, passo a explicar. A referida festa teve lugar numa casa ali no chiado, um apartamento muito simpático habitado por 3 irmãs, um belga (que por sinal parece bem português) e uma amiga alemã chamada Melanie. entretanto apareceram umas pessoas de várias nacionalidades, brasileiros, franceses, lituanos (não sei se é assim que se escreve), belgas, espanhois, austríacos.
Passou-se uma bela noite de Halloween. Sim, fui de bruxa....