c Trambolhão: junho 2007

domingo, junho 17, 2007

Consigo ser feliz quando não vejo bem ao longe.
Quando os contornos indefinidos sonham comigo.
E contigo.
Quando arestas limam sentimentos,
Como o engraxador dá corda aos sapatos,
Com a paciência toda do mundo a esperar por ele.
A dissolver esperanças em ácidos moles,
A combater infortúnios com grandeza de gigantes,
A sentir o terço torcer por mim,
A apertar mãos, uma na outra, a tua na minha, a dele na sua,
para rezar murmurios suaves cada vez com mais força.

Um abraço vale mais que mil remédios.
Cada vez me convenço mais disso.

sexta-feira, junho 08, 2007

AZUL

Está solll. Acentuei o l, para se perceber que está mesmo sol. Os corpos torram-se de amarelo alaranjado, como lagartos estendidos em espreguiçadeiras virtuais. Sal, areia, água, sol, brisa, concha e o azul, azul, azul, que era a cor do teu carro. O peixe que comi ao almoço também tinha uma tonalidade azul clarinho e por isso as minhas mãos tornaram-se azuis e as veias vermelhas, como deveria ser e nunca foi.
Como deveria ser e nunca foi. Porque houve um lapso interrupto de tempo, que não permitiu o deveria ser igual ao que eu quero. Esse segundo imaginário, parou o tempo, a imagem ficou lânguida, os teus movimentos espaçados no tempo e cada vez mais lentos... Quando eu quis apanhar o carro azul, já tinha passado por mim há um segundo. E o que foi não volta a ser.
Para esquecer, coloco a minha cabeça na areia e faço um pino rodado. Tento atrair atenções, que depositem uns míseros cêntimos no meu chapéu de linho vermelho. Outra roda, uma cambalhota, um pino e um sorriso. Cai uma gota de suor pelo rosto. Suspiro de esforço. O meu braço não aguenta. Caio, estatelada na areia. Finjo uma dor inexistente. Ambulância. Azul, é azul, e tem uma buzina com o som azul, penso com a cabeça a andar à roda.
Mergulhei um sono azul. Com bolhinhas de ar azuis, corais azuis, ondas azuis. Deslizei com a prancha em cima de uma onda perfeita, ouvi aplausos. Fiquei envergonhada. Quando acordei tinha um enfermeiro giro, giro, a oferecer-me uma flor azul. Existem mil garotos a quererem passear comigo, meu querido! Além disso, não costumo aceitar flores de desconhecidos. Só de conhecidos, por isso como te chamas?
Piscou-me o olho. Eu tentei também piscar, mas fechei os dois e adormeci outra vez.

Mandei meu calhembeque pro mecânico do dia...
Quero concertar meu cadilhaque:)
Bibibip

sexta-feira, junho 01, 2007

"Relax as Jesus did".