c Trambolhão: setembro 2009

segunda-feira, setembro 28, 2009

Se ontem o dia anoiteceu triste, hoje a manhã cinzenta enevoou os meus olhos.
Confirma-se a reeleição do primeiro ministro José Sócrates. Não é o meu primeiro ministro, nem o meu último, é só mais um a quem infelizmente deram a oportunidade de se reinventar outra vez.
Acontece que Portugal não é um país de oportunidades, é um país onde eu não tenho a oportunidade de escolher quem eu quero como primeiro-ministro, mas se a maioria ditou, assim seja, vamos lá ser democráticos.
O respectivo senhor tem conseguido a muito custo provar ao longo dos dias a excelência do seu carácter, o seu humanismo e o seu envolvimento em causas ambientais, o seu empenho em promover a liberdade democrática da classe jornalística e a sua compaixão pelas criancinhas, cabe a ele a generosidade de receber as manifestações de descontentamento dos vários sectores laborais com o sorriso mais branco que existe, um sorriso casto e puro como convém sempre a um Primeiro Ministro.
Quase que me arrisco a dizer, é Deus na Terra, são os sorrisos brancos a aguardarem entrada impacientemente nas portagens divinas.
O discurso de vitória soube a pouco, parecia que tinha sido uma cena montada com alguns figurantes contratados à última da hora, com bandeiras pouco agitadas, ao contrário de outras cores políticas em que as lágrimas de alegria espreitavam os olhos comovidos e emocionados dos seus interlocutores.
Resta-me concluir que a política nacional precisa de caras novas, uma lufada de ar fresco a inspirar a classe trabalhadora, ainda sem tiques, sem hábitos de expressão!