Dizia-se amado e desejado por todos. Era o rei na sua glória absoluta, a sua presença instalava o nervoso miudinho nas faces, lívidas e encolhidas. Agradecia aos céus a presença no reino divino. Dominava os animais com o olhar, acalmava tribos desobedientes com a sua presença magnética, mas não conseguia dominar aquela pessoa. Aquela em particular que teimava em fugir ao seu controlo, por mais cordas que amarrassem aquele corpo, por mais serventias e juras de lealdade, correria sempre em direcção ao abismo. Desposada ainda jovem, fugia para os jardins assim que raiava o sol. Esquecia palácios, promessas de fortuna e materialismos fugazes, queria a essência que ele não lhe poderia oferecer. Intrigado, ele questionava-se. O que é a essência?E caía desolado, de joelhos a seus pés. Por mais mares, oceanos, desertos, planícies, montanhas, vulcões que eu atravesse, gritando aos céus o teu nome, rastejando na lama pelo teu amor, levando homens indefesos por territórios inóspitos em busca de tesouros perdidos pelo teu amor, contruindo civilizações perdidas no espaço, tudo pelo TEU AMOR, tu buscas apenas a essência?
O meu amor não tem preço, nunca terá, nem pode ser ornamentado, porque morre com o peso que lhe atribuem. Se me oferecerem um grão de areia como prova de amor máxima, aí sim poderei ser feliz.
2 Comments:
Saint Exupery, do Principezinho, disse: "o essencial é invisível aos olhos". É por isso que chega ao coração. Porque não tem o ruido de tudo o resto.
É essencial e basta. E está onde é preciso: no olhar do coração.
Bjo
Há seres assim, que nunca poderão compreender ou aceitar o amor do outro. Não por ele ser menor ou incompleto, como pareces querer dizer, mas apenas porque não estão destinados um ao outro.
Enviar um comentário
<< Home