Pés
O mundoi da inóis é simplesmente azulói. Não há verdói nem amarelói. Azulói como o céulói.
Às vezes apetecia-me inventar a minha própria linguagem. Escrever sem regras, poder calcular pensamentos sem definições, imitar a natureza no seu estado mais puro.
Divagar e sair dos constrangimentos mentais que nos impedem de alcançar o verdadeiro. A eterna pergunta que me está subjacente e que não consegue sair mais porventura da tatuagem marcada nos nossos pés de macacos.
Ainda agora estava a ver um programa de tv, em que a apresentadora perguntou ao participante se quando era pequeno tinha o trauma dos pés grandes. Ele respondeu envergonhado, que sim. Embaraçado, logo se tentou justificar, dizendo que apesar de estar constantemente a chatear a mãe de que tinha os pés grandes e que os queria "cortar", para ele isto era considerado uma coisa natural, visto que quando estamos a crescer os nossos membros por vezes atingem proporções inestéticas e pouco harmoniosas em relação ao conjunto do todo.
O mais estranho é que o senhor actualmente regista um vulgar 42 em sapatos vela filmados em grande plano durante 5 m pelo operador de câmara sonolento. Ou seja, um pé normalíssimo. Perdoem-me, ora eu já ouvi muita coisa, complexo do nariz grande, rabo grande, barriga grande, agora trauma dos pezinhos grandes é que é realmente uma idiossincracia.
Particularmente, porque somos uma nacionalidade de pessoas pequeninas, que não pensam que podem ir mais longe do que os seus pés. Pois é, se estivermos sempre a olhar constantemente para o chão e para os nossos pezinhos, não conseguimos focar a nossa vista em mais nada. Ficamos cabisbaixos, o horizonte deixa de existir e passamos a vida a pedir desesperadamente aos nossos pais que nos deixem ter um par de pés normais.
O remédio para este senhor eu dizia-lhe logo, apanhe o próximo avião para a China e enfaixe os pezinhos em tiras de tecido. Certinho garantido, de que quando chegar a grande, poderá enfiar um par de sapatilhas de ballet resplandecentes e minúsculas a impedirem que o pé ganhe individualidade e chegue ao seu estado adulto. Neste país poderá ser esmagado pelo peso do todo e perder de vista a sua pessoinha, deixará de poder navegar no Google e libertar asas. Ainda bem que a sua mãe não se lembrou desta ideia...
Às vezes apetecia-me inventar a minha própria linguagem. Escrever sem regras, poder calcular pensamentos sem definições, imitar a natureza no seu estado mais puro.
Divagar e sair dos constrangimentos mentais que nos impedem de alcançar o verdadeiro. A eterna pergunta que me está subjacente e que não consegue sair mais porventura da tatuagem marcada nos nossos pés de macacos.
Ainda agora estava a ver um programa de tv, em que a apresentadora perguntou ao participante se quando era pequeno tinha o trauma dos pés grandes. Ele respondeu envergonhado, que sim. Embaraçado, logo se tentou justificar, dizendo que apesar de estar constantemente a chatear a mãe de que tinha os pés grandes e que os queria "cortar", para ele isto era considerado uma coisa natural, visto que quando estamos a crescer os nossos membros por vezes atingem proporções inestéticas e pouco harmoniosas em relação ao conjunto do todo.
O mais estranho é que o senhor actualmente regista um vulgar 42 em sapatos vela filmados em grande plano durante 5 m pelo operador de câmara sonolento. Ou seja, um pé normalíssimo. Perdoem-me, ora eu já ouvi muita coisa, complexo do nariz grande, rabo grande, barriga grande, agora trauma dos pezinhos grandes é que é realmente uma idiossincracia.
Particularmente, porque somos uma nacionalidade de pessoas pequeninas, que não pensam que podem ir mais longe do que os seus pés. Pois é, se estivermos sempre a olhar constantemente para o chão e para os nossos pezinhos, não conseguimos focar a nossa vista em mais nada. Ficamos cabisbaixos, o horizonte deixa de existir e passamos a vida a pedir desesperadamente aos nossos pais que nos deixem ter um par de pés normais.
O remédio para este senhor eu dizia-lhe logo, apanhe o próximo avião para a China e enfaixe os pezinhos em tiras de tecido. Certinho garantido, de que quando chegar a grande, poderá enfiar um par de sapatilhas de ballet resplandecentes e minúsculas a impedirem que o pé ganhe individualidade e chegue ao seu estado adulto. Neste país poderá ser esmagado pelo peso do todo e perder de vista a sua pessoinha, deixará de poder navegar no Google e libertar asas. Ainda bem que a sua mãe não se lembrou desta ideia...
Até amanhã.
2 Comments:
Do azul que tanto respiras transparece essa vontade imensa de planar sobre os sonhos, de fitar o infinito como que a fintar a realidade, de beber deste imenso tabuleiro para que o sorriso jamais caia. Doce e belo como um corsel amarelo...
Estamos sempre insatisfeitos. Qualquer dia são as unhas que são redondas e as pestanas que são castanho claro número um e não castanho claro número dois.
Adoro que fales de pormenores que nos escapam no dia-a-dia :-)
Bj gd,
p
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