Lisboa
São sete as colinas, sete as ondas que te sacudiram,Sete são os beijos que te pespego,
De graça, sem troco, à cautela no beco escuro.
São sete as noites do calendário em que me deito contigo,
No alto de um bairro sentimental, numa rua estreita,
Que aperta o meu e o teu coração, em uníssono.
Desde há anos, desde que me respiro,
Que acordo com o teu sorriso rasgado de amarelo,
Escancarado na ombreira da minha janela,
Nua e crua, armada com sete vidros invísiveis.
Vamos passear, dizias,
Lá em cima, atravessamos as sete chagas de Cristo,
Prefiro percorrer as linhas do teu coração,
Proteger-te dos turistas incómodos, esfomeados,
Em sorver fragmentos da tua alma.
Afinal tenho direito a bilhete grátis,
E assento em primeira fila.
Sacudo a canela das mãos ao vento,
Lambo a última crosta do pastel de nata.
Descubro sete chaves enterradas no meu bolso,
No final da linha, vou fechar à chave o teu coração.
4 Comments:
Bem Inês... Este post está lindo! Só espero que continues a escrever assim, não por mais sete anos, mas por mais sete vidas. Bjs
Como já te disse: LINDO!!!!
Quando li pela primeira vez, ignorando o nome "Lisboa", era uma declaração de amor incondicional e irresistível. Assim, simplesmente.
Mas está tão perfeito, que lhe pões o nome "Lisboa" e tudo faz sentido de igual forma.
Assino por baixo o que disse a Deeper.
Tens um poder qualquer sobre as palavras, manobra-as, seduze-as, dás-lhes novos sentidos e ângulos... ès uma feiticeira das palavras! :)
Parabéns!!
Bjinho
É um poema muito lindo, mesmo que só tenha descoberto que é sobre Lisboa no fim, o que é ainda mais notável.
Como sempre tudo faz sentido na tua poesia!
Nunca deixes de nos maravilhar com a tua escrita!
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