“Ensaio sobre a Cegueira”
Numa sociedade que atravessa tempos incertos e condições económicas adversas, os políticos portugueses, ao que parece inspirados pelo novo filme baseado na obra de José Saramago, adoptaram como principal função instalar a “cegueira” nos seus eleitores.
Em Portugal, a política não desperta paixões, ao invés sente-se o frio de um cinzento bocejar colectivo, que leva os principais políticos a abrigarem-se na sua cadeira do poder. É um rodopio de ministros a bater portas, um Primeiro-Ministro que se preocupa apenas com que os números batam certos, um Presidente da República que é uma sombra do que já foi no passado e uma oposição demasiado fragmentada.
Inatingíveis, a todos falta charme, confiança, ou até mesmo instinto fatal. Com um poder de sedução reduzido, a única esperança que encontram é instaurar uma cegueira colectiva, que feche os olhos às dificuldades económicas e sociais que sente e aceite que a culpa é somente da “crise”.
Um Obama à portuguesa se calhar trazia algum dinamismo à cena. Era preciso ver multidões em volta do Marquês de Pombal, não porque o seu clube de futebol ganhou, mas sim a festejar o resultado das eleições. Mas para isso acontecer era necessário acreditar e ver. Não é com eleitores cegos e iludidos que se consegue alguma coisa.
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