Incidente
Sempre que corria a persiana, descia os olhos pela pestanas e desabafa um suspiro prolongado, mais prolongado do que a sua capacidade pulmonar o permitia. E dobrava-se, quebrado e postrado nas duas patas humanas, ofegante. O ar corria espesso para o encontro do vidro da janela. Perdera os sentidos, inclusivé o seu céu e a sua terra já não estavam sujeitas à teoria gravitacional nem orbital. Só o gato preto e gordo veio ter ao seu encontro, arranhou com cuidado e ternura suave o seu corpo inanimado, e fugiu porque pressentiu a hipótese de uma liberdade segura e de uma casa inteira ao seu dispor. O dono esse estava cada vez mais frio. Os seus lábios ficaram roxos e as mãos tremelicavam. A perna deu um esticão, como se possuído por uma corrente eléctrica magnificante, estirou-se. Mas o individuo deu meia volta e fez frente ao tunel brilhante que via ao fundo. Preferia sentir mais uma vez a doce e quente voz da vizinha do quarto esquerdo, que roçava a sua mão na sua perna, quando todos os dias se encontravam de manhã, nas escadas velhas do prédio nº 5 da rua 10, da cidade 23 do país 67 do planeta OMEGA.
3 Comments:
Olá!Vim aqui por curiosidade, e porque quem faz parte deste maravilhoso mundo da blogosfera, quer sempre conhecer um blog que ainda não conhece. Mais interessante ainda depessoas que acabamos de conhecer!
Beijinhos
De certeza que voltarei!
Andreia
Este post parece uma sinopse para um daqueles filmes de ficção científica dos anos '70 e '80, quando havia a maluquice dos ET's. É preciso é não tropeçar num homenzinho verde e dar um trambolhão...
Eu tinha que comentar este post para dizer-te uma coisa: miúda, escreve um conto! Mas não o publiques num blogue, porque se torna maçador ler textos grandes no monitor do computador. Ou então divide-o em pequenos posts que acrescentas quando te apetecer... Que tal?
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