Trambolhão
sexta-feira, abril 20, 2007
quarta-feira, abril 18, 2007
terça-feira, abril 10, 2007
Dizia-se amado e desejado por todos. Era o rei na sua glória absoluta, a sua presença instalava o nervoso miudinho nas faces, lívidas e encolhidas. Agradecia aos céus a presença no reino divino. Dominava os animais com o olhar, acalmava tribos desobedientes com a sua presença magnética, mas não conseguia dominar aquela pessoa. Aquela em particular que teimava em fugir ao seu controlo, por mais cordas que amarrassem aquele corpo, por mais serventias e juras de lealdade, correria sempre em direcção ao abismo. Desposada ainda jovem, fugia para os jardins assim que raiava o sol. Esquecia palácios, promessas de fortuna e materialismos fugazes, queria a essência que ele não lhe poderia oferecer. Intrigado, ele questionava-se. O que é a essência?E caía desolado, de joelhos a seus pés. Por mais mares, oceanos, desertos, planícies, montanhas, vulcões que eu atravesse, gritando aos céus o teu nome, rastejando na lama pelo teu amor, levando homens indefesos por territórios inóspitos em busca de tesouros perdidos pelo teu amor, contruindo civilizações perdidas no espaço, tudo pelo TEU AMOR, tu buscas apenas a essência?
O meu amor não tem preço, nunca terá, nem pode ser ornamentado, porque morre com o peso que lhe atribuem. Se me oferecerem um grão de areia como prova de amor máxima, aí sim poderei ser feliz.
O meu amor não tem preço, nunca terá, nem pode ser ornamentado, porque morre com o peso que lhe atribuem. Se me oferecerem um grão de areia como prova de amor máxima, aí sim poderei ser feliz.
quarta-feira, abril 04, 2007
Gosto muito de it.
Não percebi. Gostas de?
De it, só de it!! E baixava a cabeça, frustrado consigo mesmo. Acabava por agarrar num pedaço de papel e escrevia-o devagar, trémulo, sílaba a sílaba, com o seu lápis pequenino, porque sabia que a sua imaginação não o iria atraiçoar, desta vez.
Mas mal tentava dizê-lo em voz alta, com toda a garra e sinceridade, as letras baralhavam-se outra vez num esquema mental difuso e saíam sílabas sem sentido.
No dia do casamento, quando o padre fez a pergunta adequada, apenas se ouviu da boca do noivo: Ism.
Não se importa de repetir, por favor?
Ism, ism, ism. Ela chorava desgostosa e o padre fingia não ter ouvido, enquanto os antigos pretendentes da noiva quase que deitavam notas ao ar e rebolavam no chão de prazer.
Quando estava às portas da morte, de mão dada à sua esposa, conseguiu finalmente dizer: gosto de ti, gosto de ti porra, sem mais medos ou inseguranças sobre o destino de o afirmar. O medo de pronunciar algo tão solene e especial, como que a desafiar o mundo prepotente que por vezes ameça destruir os nossos sonhos se os proferimos em voz alta, desapareceu.
Eu sempre soube, podes descansar. Afinal sempre lá tinha estado o significado, só as letras é que estavam baralhadas. O importante é que as acções sejam percebidas como um todo.
Afinal, o amor não sente a "dislexia".
Não percebi. Gostas de?
De it, só de it!! E baixava a cabeça, frustrado consigo mesmo. Acabava por agarrar num pedaço de papel e escrevia-o devagar, trémulo, sílaba a sílaba, com o seu lápis pequenino, porque sabia que a sua imaginação não o iria atraiçoar, desta vez.
Mas mal tentava dizê-lo em voz alta, com toda a garra e sinceridade, as letras baralhavam-se outra vez num esquema mental difuso e saíam sílabas sem sentido.
No dia do casamento, quando o padre fez a pergunta adequada, apenas se ouviu da boca do noivo: Ism.
Não se importa de repetir, por favor?
Ism, ism, ism. Ela chorava desgostosa e o padre fingia não ter ouvido, enquanto os antigos pretendentes da noiva quase que deitavam notas ao ar e rebolavam no chão de prazer.
Quando estava às portas da morte, de mão dada à sua esposa, conseguiu finalmente dizer: gosto de ti, gosto de ti porra, sem mais medos ou inseguranças sobre o destino de o afirmar. O medo de pronunciar algo tão solene e especial, como que a desafiar o mundo prepotente que por vezes ameça destruir os nossos sonhos se os proferimos em voz alta, desapareceu.
Eu sempre soube, podes descansar. Afinal sempre lá tinha estado o significado, só as letras é que estavam baralhadas. O importante é que as acções sejam percebidas como um todo.
Afinal, o amor não sente a "dislexia".
domingo, abril 01, 2007
Saturday
Thank God it is Saturday! Para trás ficaram as cores cinzentas dos dias semanais frios.Permitiste-te soltar o cabelo pela primeira vez em meses e soltaste pulseiras frenéticas em pulsos frágeis.
Quebrou-se a barreira do som. "A menina dança in "the year 2000""?
Dás um passo em frente muito devagar, mas o teu coração entra em histeria Pop!
A voz ensina-te: devagar, podes pisar cada quadrado de cada vez, mas nunca pões os dois pés no ar, é mais fácil do que parece. Sente só o ritmo, minha dama... Atiraste com a mala para o fundo do sofá, puseste a mão no tronco dele e respiraste, para fingir que não era a primeira vez. E permitiste que as tuas costelas descontraíssem. Espectadores atentos percebem que percorres curvas imaginárias com a cintura, imaginando que estás dentro do dirty dancing...
"E o ritmo, estou a perder o ritmooooooo...." Caíste por instantes de saltos que se julgavam inquebráveis, mas aquela mão atenta agarrou-te e o teu corpo por segundos não embateu contra os quadrados de cores fortes e pirosas que marcavam outras danças. Incidentes à parte e deixaste mais uma vez o amanhecer embalar a tua dança.