c Trambolhão: maio 2007

terça-feira, maio 22, 2007

Perguntaram a Dalai Lama…“O que mais te surpreende na humanidade?”

E ele respondeu:“Os homens… porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer……e morrem como se nunca tivessem vivido.”

sexta-feira, maio 18, 2007

"Sangue-Frio" dos Clã

Tu nunca choras ao ver sangue
Tu nunca sangras quando sofres
Guardas a dor dentro do cofre
Se alguém decifra o segredo
E se pica no teu ferrão azedo
Tu lambes-lhe o sangue do dedo
Tu nunca choras ao ver sangue
Tu nunca ficas transparente
És daquela raça tão rara
Que tem no olhar o gelo quente
Se alguém te atinge o coração
Aguentas o baque
De frente
E sentes uma oscilação
Defendes-te com uma paixão competente
E encarnas tão impunemente
A pele de um animal de sangue quente
Que ama a sangue frio
Tu nunca choras ao ver sangue
Tu nunca ficas transparente
És daquela raca tão rara
Que tem no olhar o gelo quente
Gelo quente
Quente e frio

terça-feira, maio 08, 2007

Mimo

Junto ao altifalante, seguias ávido de pormenores, a expressão dos que te rodeavam. Surdo de impaciência, surdo de nascença, estavas habituado ao silêncio diurno e à inquietude nocturna. No meio do caos, percebi que querias saltar pela janela e conseguir bater palmas em pleno voo para honrares o teu próprio feito.

Com uma memória de elefante lias nos lábios e fazias um esforço impressionante por te concentrares, e esquecer por segundos o que as diversas linguagens corporais te transmitiam. De imediato, as portas ficaram fechadas e as saídas impossíveis de alcançar, dado a enorme afluência que as congestionou, sem teres tempo de dar um pequeno passo.

Subitamente os bancos aparecem quebrados. As janelas partidas. O trajecto interropido. Levavas as mãos à cabeça e tentavas relembrar o que tinha sido o teu jantar ontem. A rotina tinha o dom de te acalmar. Se foi pizza, se foi arroz, não consegues. Sabes apenas que estiveste com alguém que te abraçou no final.

Fechas os olhos numa tentativa vã de imunidade, para fugires ao desespero que os olhares alheios te transmitem. Sem som por vezes podias não sentir as cenas mais fortes de um filme de terror, ou sentir o prazer de dar uma forte gargalhada. Mas era raro alguém conseguir mentir-te, apenas o conseguiriam se tivessem de olhos fechados, mãos atadas e pés presos.

Conseguias imitar na perfeição os tiques dos outros, eras e és um mimo perfeito. Agora não consegues, precisas de agir.

Alguém agarrou em ti. Não viste quem era. E coloca-te as mãos nos olhos. E empurra-te. Deixas de sentir o chão mas sentes bem o teu coração.

quinta-feira, maio 03, 2007

Egoísta!
Ora essa! Eu? Porquê querida?
Ora, porquê...Porque é sempre tudo igual, tu não mudas, porque, porque sim!
Ora, que tonteria. Vá, acaba lá de me lavares os pés e depois despacha a janta aqui do "je".

A falta de argumentos claros ditos na altura certa, para contrapor situações obviamente injustas, só nos traz chatices.
Há dias em que me apetecia ter um advogado portátil, debaixo do braço, domesticado e mansinho, que estivesse sempre presente para me defender. Assim eu só tinha de sorrir ou fazer cara má conforme as situações e ele agia. Perfeito não era?

Quando cheguei à maravilhosa cidade de Colónia, na estação de comboios havia um grupo de jovens de braços abertos, que distribuiam abraços grátis para acolher os recém chegados visitantes.
Quem disse que os alemães são frios?

Frágil, hoje sinto-me frágil.
Tão frágil que se me soprares ao ouvido sou capaz de me derreter.
Tão frágil como quem tropeça e pede desculpa envergonhado, para o mundo em redor.
Tão frágil como o cisne quando encolhe a cabeça de timidez,
Tão frágil que me falta um braço no teu abraço.